quarta-feira, 18 de agosto de 2010

É proibido fumar



É proibido fumar

Lucia Sauerbronn
Não há nada mais desagradável do que cheiro de cinzeiro. A fumaça do cigarro empesteia os cabelos, as roupas, a casa, o carro, o local de trabalho. Quem fuma tem os dentes amarelados. A nicotina mancha também dedos e unhas. A pele perde o viço, enruga e envelhece mais cedo. Nos homens, causa impotência. Nas mulheres grávidas, diminui o peso do feto. Dizem que o cigarro tem inúmeros produtos tóxicos, até veneno de rato. Imagine o estrago que faz quando a gente aspira esse lixo todo e ele se espalha através do sangue, envenenando cada célula do corpo. Quem não fuma, mas convive com fumantes, corre os mesmos riscos. Fumar é altamente perigoso. O cigarro vicia. E até mata.
O álcool causa um rombo enorme na economia. E não é só o que se gasta com o tratamento dos dependentes. Por conta do álcool, muita gente perde o emprego, a autoestima, o convívio social e a família. A bebida destrói os neurônios, acaba com o fígado (que às vezes precisa de transplante), compromete o futuro emocional de milhões de crianças e é responsável pela grande maioria das agressões domésticas. Motoristas alcoolizados causaram 84.684 mortes só no segundo semestre do ano passado. E isso em plena lei seca.
Os automóveis lançam na atmosfera gás carbônico. Cada ser humano é responsável pela emissão de 4,22 toneladas de dióxido de carbono por ano. Respirar nos grandes centros urbanos não é só um problema do homem metropolitano. O CO2 resultante da combustão de petróleo, mais o enxofre da queima de carvão e outros gases presentes na atmosfera, provocam a chuva ácida, matando plâncton, insetos, peixes e anfíbios. Todos os frutos do mar estão carregados de chumbo, mercúrio e outros metais pesados.
O solo do planeta está contaminado por fertilizantes altamente tóxicos. Que penetram nos lençóis de água subterrâneos, que vão para os rios. Que seguem até represas e chegam às nossas casas através de torneiras. Água que usamos para beber e cozinhar. Para alimentar a população mundial de mais de 6 bilhões de almas, carne, frango, leite, frutas e verduras fresquinhos têm uma carga enorme de hormônios e produtos químicos.
A camada de ozônio esburacou por causa dos gases emitidos pelas indústrias que produzem cada alfinete consumido. Toda a madeira que usamos em móveis, papel e até numa romântica e inocente lareira significa a morte de árvores. Por conta do desequilíbrio ecológico, inúmeras espécies de plantas e animais estão sendo extintas. Só a população bovina é que não para de crescer. São 3,2 bilhões de vacas, carneiros e cabras expelindo gás metano enquanto fazem a digestão. Essa verdadeira bomba gasosa atravessa a atmosfera e impede que parte do calor que incide sobre o nosso planeta seja liberado de volta para o espaço. O pum dos ruminantes é responsável por um quinto do aquecimento global. O que leva o gelo das calotas polares a derreter. Muitas cidades correm o risco de ser engolidas pelo oceano.
A Amazônia está sendo destruída para aumentar a criação de gado e o cultivo de soja. Além de abrigar a maior variedade de toda a flora e fauna, as florestas promovem a umidade necessária para a formação de nuvens de chuva. Como consequência, algumas áreas do planeta estão virando desertos. A humanidade pode morrer de sede.
Fiquei tão preocupada que acho que vou acender um cigarro para relaxar...

Crônica publicada na Coop Revista - Setembro / 2.009

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